sexta-feira, 23 de março de 2018

República Velha ou Primeira República (leitura obrigatória para os 9ºs. anos)

República Velha ou Primeira República (leitura obrigatória para os 9ºs. anos)

A República brasileira surge mais de um descontentamento com o Império do que por uma convicção republicana. Poucos além de uma elite intelectual sabiam o que realmente significava uma República, boa parte destes estavam ligados aos militares. Ruralistas desejavam um liberalismo (onde o Estado brasileiro não intervisse na economia) e um federalismo (mantendo os poderes das oligarquias locais), modelo similar ao dos EUA. Os militares, por sua vez, eram em sua maioria positivistas, defendendo um estado centralizador.

- Constituição de 1891

Com a proclamação da república, houve a necessidade de uma nova constituição. Em 1891 foi promulgada a nova constituição que determinava:
·         Estado dividido em 3 poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
·         Voto direto para nacionais maiores de 21 anos, excetuando-se mulheres, clérigos, praças, analfabetos e mendigos.
·         Separação Igreja e Estado: registros civis passam a ser feitos pelo estado, não mais pela igreja.
·         O primeiro Presidente e o seu vice seriam eleitos pelo voto indireto da Assembleia Constituinte.

- Primeiros anos da República

Este primeiro período da República Velha ficou conhecido como República da Espada. Este período é assim conhecido devido ao governo de militares: Mal. Deodoro da Fonseca (1889-1891) e, o vice do anterior, Mal. Floriano Peixoto (1891-1894). Primeiramente Mal. Deodoro assume como governo provisório, mas acaba sendo eleito indiretamente, conforme colocamos anteriormente.

A República, em seu início, foi marcada por conflitos internos como a Revolta da Armada (1892/1894), rebeliões da marinha contra o governo republicano, e a Revolução Federalista (1893-1895), no Rio Grande do Sul, juntando federalista contra o domínio do Partido Republicano Riograndense (PRR) e as políticas do governo federal. Ambas revoltas foram massacradas.





- Domínio das Oligarquias

Ao final da República da Espada, assume Prudente de Moraes, representando os cafeicultores paulista, se instaurado o período da política do café com leite, marcado pela intercalação no poder entre representantes de São Paulo (Partido Republicano Paulista – PRP, ligado ao setor cafeicultor, o café era o principal produto de exportação brasileiro) e Minas Gerais (Partido Republicano Mineiro – PRM, o estado era grande produtor de leite e derivados e maior colégio eleitoral brasileiro). A política do café com leite irá marcar a República Velha até 1930.

A política dos governadores também marcará esse primeiro momento da república. Nesta política existe uma conciliação com as elites estaduais. Desta forma o governo federal trocava favores com as oligarquias estaduais, como liberdade política e favorecimentos econômicos, e estas elites, em troca, garantiam os votos através do voto aberto, comandada pelos coronéis. Com isto temos o coronelismo e o voto a cabresto atuando de forma clara. As oposições eram perseguidas, eram frequente as fraudes nas eleições e, caso ganhasse, os candidatos opositores eram impedidos de tomar posse.

- Revoltas Rurais

Ainda no começo do período republicano houve duas revoltas rurais que marcaram o Brasil. A primeira foi a Guerra de Canudos (1896-1897). A comunidade de Canudos, localizada ao norte da Bahia, era liderada por Antônio Conselheiro, que era tido como um messias pelos seus seguidores. Essa comunidade forma-se na fuga das famílias da miséria, da crise econômica e do esmagamento que os pequenos produtores rurais sofriam frente aos coronéis. Desta forma acabam se aglomerando em Canudos, na esperança de uma vida melhor e mais justa. Entretanto isto irá abalar o coronelismo da região que usa o poder público brasileiro contra este povoado eliminando Canudos.

Contestado (1912-1916), ocorreu no sul do Brasil, na fronteira entre Paraná e Santa Catarina. A revolta é causada pela perda de terra que os camponeses sofreriam devido a construção da estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul. Essa construção era apoiada pelos coronéis da região. O clima fica mais tenso quando os trabalhadores da construção da estrada de ferro, perdem seu emprego com a conclusão da obra. Nesta época irá se destacar na região o líder José Maria. Não muito diferente de Conselheiro, José Maira era tido como um messias e reúne em sua volta vários camponeses sem terras. Esta capacidade de José Maria começa a preocupar os coronéis da região que o acusam como inimigo da República e lançam ofensiva contra o grupo que resistem, mas são derrotados em 1916.
Outros movimentos com caráter messiânico ocorreram em outras regiões do Brasil, como os Muckers (RS), mas sem maior destaque quanto os anteriores.

- Industrialização e Urbanização

Apesar do período não ser o marco de um Brasil majoritariamente urbano, o processo de industrialização e urbanização vai marcar o Brasil da República Velha. Paulatinamente as cidades brasileiras começam a crescer em decorrência de uma industrialização incipiente, que já havia começado no final do Império e acelerava cada vez mais. Esta industrialização vai ser uma consequência do enriquecimento das oligarquias rurais, que para variar seu capital, começam a investir em industrias. Também ocorre a vinda de capital estrangeiro para o Brasil para abrir essas industrias (como a Industrias Matarazzo em São Paulo e a Indústria Rheingantz em Rio Grande).

Com o processo de implantação das indústrias em algumas cidades, as mesmas começam a ampliar a sua população, pois atraiam trabalhadores rurais para região urbana. Com isto surgem novos bairros e a necessidade de ampliação da urbanização, ampliando-se serviços de esgoto e iluminação. Porém nem toda a população era atendida por estes serviços. Ainda, para abrigar esses novos ocupantes das cidades, surgiram cortiços, casas que tinham cada cômodo ocupado por uma família diferente. Esse aumento urbano, estes novos moradores das cidades, muito comumente se encontravam em condições de vida onde a higiene era bastante precária.

- Operários

Os trabalhadores urbanos eram cada vez mais formados por massas operárias que manuseiam as maquinas das indústrias. As condições de trabalho eram bastante precárias, se igualando as condições inglesas da época da Revolução Industrial, isto é, jornadas de trabalho que chegavam a 14 horas diárias, sem folgas semanais, crianças trabalhando, castigos físicos eram aplicados nas fábricas, salários não condizentes com o custo de vida, mulheres e crianças ganhando menos que os homens adultos...

Frente a tais condições, começa a se organizar no Brasil o movimento operário, já surgindo as primeiras associações operárias no final do império. Porém, durante a Primeira República, multiplicaram, ocorrendo grandes greves pedindo melhorias das condições de vida. Os operários também tentam se organizar nacionalmente através da fundação da Confederação Operária Brasileira, de inspiração sindicalista e anarquista.

O grande movimento operário no Brasil será a greve de 1917, que ocorrerá em vários centros urbanos brasileiros, reivindicando descanso semanal, jornada de trabalho de 8 horas diárias, restrições ao trabalho infantil entre outras. Durante essas greves, cidades como São Paulo e Porto Alegre são paralisadas durante alguns dias. No final o movimento logra boa parte de suas reinvindicações, que se transformam em leis municipais. Em Rio Grande ocorrerá movimentos das mesmas proporções em 1919, os operários de Rio Grande também logram boa parte de suas reinvindicações.

- Economia

A economia brasileira era principalmente rural. Como já dito anteriormente, tinha seu principal produto de exportação o café. Entretanto o Brasil teve outros produtos de destaque no período, um deles é a borracha. A borracha ganha importância no mercado mundial principalmente em decorrência do surgimento dos automóveis e, com isso, se torna matéria prima essencial para fabricação de pneus, entretanto o ciclo da borracha ficará em segundo plano frente ao do café e também será efêmero, pois mudas da seringueira, planta de onde se extrai o látex para a produção da borracha, foram plantadas em outros países.

O Brasil terá sua economia favorecida também pela Primeira Guerra Mundial. Com os países europeus em guerra, a produção destes países ficou estagnada e o Brasil vai exportar produtos para esses países. Em contrapartida, no período da década de 1920, o Brasil também sofrerá com as frequentes crises do período Entre Guerras, que culmina com a Crise de 1929.

- Semana de Arte Moderna

Em 1922, ocorrerá no Brasil a Semana de Arte Moderna, promovido por artistas brasileiros e apoiada pelo, então presidente, Epitácio Pessoa. Nesta semana destaca-se a tentativa de os artistas brasileiros renovarem as artes e darem um aspecto mais nacional a estas. Como figuras de destaque deste movimento artistas como: Anita Malfatti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Plínio Salgado, entre outros.

- Tenentismo

Também em 1922 ocorrerá uma revolta liderada pelos militares de baixa e média patente, defendendo reformas políticas como: a adoção do voto secreto, reforma na educação pública entre outro. Este movimento foi apoiado pelas classes médias urbanas e avança ao questionar a ordem política vigente.

-Fim da Primeira República

A República Velha foi questionada por vários setores da sociedade desde o seu princípio. Porém no final da década de 1920, já desgastada, ela sofrerá os golpes finais. Primeiramente, devemos destacar a crise econômica que irá abalar o Brasil em decorrência da crise mundial, destacando a Crise de 1929. Juntamente com isto, em 1926, assume a presidência do Brasil o paulista Washington Luís. O mesmo persegue a oposição, sobretudo militares e operários. Também não mantem as conciliações com as oligarquias estaduais, tendo como ápice disto, indicado Júlio Prestes, outro paulista, para sua sucessão. Isto desagrada a elite mineira, que articula junto com outras oligarquias descontentes (Rio Grande do Sul e Paraíba), uma chapa de oposição para a presidência da República, encabeçada pelo gaúcho Getúlio Vargas. Prestes acaba ganhando as eleições, mas oposição alegou fraudes e a situação ficava cada vez mais tensa. Com o assassinato de João Pessoa, vice de Vargas na chapa a presidência, o exército depõe Prestes, que nem chega a tomar posse, conduzindo Getúlio Vargas a presidência, dando fim a República Velha e iniciando a Era Vargas.

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